Canetada de ouro

O Eco-Rio de Janeiro-RJ - 16/12/2004
Nesta sexta-feira, dia 17 de dezembro, às 11 horas da manhã, em solenidade marcada para acontecer no Palácio Rio Negro, em Manaus, o governador Eduardo Braga assina decreto criando o Mosaico de Unidades de Conservação do sul do Amazonas.
Apesar de tanto cuidado prévio, a criação do Mosaico andou a perigo nas útimas semanas e quase provocou um confronto entre o governo amazonense e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Ibama. Há um mês, com o apoio da ministra Marina Silva, o Ibama comunicou ao secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Virgilio Viana, que estava desengavetando os planos para a criação do Parque Nacional do Juruena - um colosso de mais de 3 milhões de hectares que não consegue ser tirado do papel. Seria uma ótima notícia não fosse por alguns importantes detalhes. O primeiro deles é que, para ser criado, o Juruena teria que entrar por terras que faziam parte do Mosaico amazonense.
Até aí, em princípio, nada de mais. Unidade de conservação por unidade de conservação, a idéia de fazer um Parque Nacional não soa mal. O problema é que a proposta do Juruena estava com cheiro de coisa que seria feita de afogadilho, mais de olho nos seus eventuais benefícios políticos do que na proteção da biodiversidade. O MMA e o Ibama, conta técnico que esteve nas conversas entre o governo federal e o do Amazonas, não tinham na verdade uma análise técnica para fundamentar a criação do Juruena. "Tinham uma série de factóides sobre a biodiversidade na área, insuficientes para determinar a importância de transformá-la numa unidade de proteção integral", diz ele.
"No fim, prevaleceu o bom senso", dizia o secretário do Meio Ambiente do Amazonas, Virgílio Viana. Trocando em miúdos, o pessoal do governo federal percebeu que era melhor acabar o ano com o Mosaico do sul do Amazonas criado, do que terminar sem nada.
UC:Geral

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