Trincando a taça de Vila Velha

A Rede - http://arede.info/ - 16/08/2015
A partir do século XIX há registros das primeiras intenções de criação de áreas legalmente protegidas, com fins de se preservar as paisagens naturais e os ecossistemas nelas incluídos. As unidades de conservação - também chamadas de 'áreas naturais protegidas' ou 'parques' - buscam, por meio de um plano de manejo específico, promover o uso diversificado destes recursos, além de conservar, preservar e incentivar a manutenção das espécies nativas ou endêmicas. Se pelas intempéries, absolutamente sem intervenção humana, o vento e a chuva esculpiram nas formações rochosas dos Campos Gerais, uma das mais extraordinárias obras-primas da natureza - o Parque Estadual de Vila-Velha - o ser humano nem sempre se posicionou como excelente expectador do meio ambiente. Primeiro, indubitavelmente, por ações depredativas ao curso das visitações públicas, na ignorante busca de uma "lembrancinha" ou de um idiotizado registro de presença cravado nas pedras, o famoso "estive aqui" ou o romantizado coração dos apaixonados. Segundo, sofre o Parque sequelado os riscos de desequilíbrio ambiental, ingerência administrativa e insustentabilidade econômica.

Sendo o turismo um grande filão para captação de recursos para os cofres públicos ao envolver segmentos rodoviários, hoteleiros, gastronômicos, comerciais e por consequência também um respiro nos caixas do Estado, os Parques Estaduais - Vila Velha, Guartelá, do Monge e Ilha do Mel não passariam vendados aos gestores estaduais e municipais. Alternando administrações públicas, o Parque recebeu de cada gestor o toque indelével, nem sempre de Midas, e assim as características infraestruturais se remodelaram, estagnaram ou retrocederam no processo de torná-lo um espaço cada vez mais atrativo ao turismo.

Frente a uma notória queda na receita de visitação do Parque (10.000 visitantes a menos por ano), unidade de conservação do estado, busca o governador Beto Richa através do programa "Parques do Paraná", o estimulo ao turismo no intuito de ampliar a preservação e promover o desenvolvimento sustentável. Mas não passa indiferente à análise uma proposição de concessão ou terceirização do Parque.

Pesquisa intitulada de 'Diagnóstico do Uso Público em Parques Brasileiros: perspectivas dos gestores' busca conhecer melhor a realidade das Unidades de Conservação Brasileiras. Ambientalistas, formuladores de políticas públicas, gestores e lideranças políticas divergem em suas opiniões. Coordenadores da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e do projeto "Parques do Paraná" (Biodiversidade e Florestas) afirmaram que é muito cedo para considerar um processo de privatização. Inegável também a possiblidade de se seguir tendência nacional e adotar um modelo de gestão de parceria público-privada (PPP).

Requer-se um estudo aprofundado sobre legislação ambiental, das receitas obtidas com a visitação, investimentos na estruturação, qualificação e remuneração adequada aos agentes ambientais e uma reanálise da metodologia de Educação Ambiental aplicada.

[...] e por que me preocupo com tudo isto? É pergunta que já ouvi muitas vezes. Não é por patriotismo, mas talvez por um amor próprio, pois acho que pouco ou nada valem belas propriedades, depois de tudo destruído. E ainda preocupo-me com o nosso futuro por amor a minha alma, que considero imortal e que, na eternidade, não quero que ela tenha que formar fila com os devastadores de nossa terra (Udo Schadrack).



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Turismo Ambiental

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