Ecoturismo é caminho viável para o Mosaico de conservação do Apuí no Amazonas

WWF - www.wwf.org.br - 16/03/2009
Por ser guiado pelos princípios da conservação e por carregar potencial gerador de recursos financeiros, o ecoturismo é visto como um segmento estratégico para a atividade turística, principalmente quando é desenvolvido em áreas naturais protegidas.

Inspirada por esse contexto, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), por meio do Centro Estadual de Mudanças Climáticas (Ceclima) e do Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc), desenvolveu o "Projeto de Pagamento por Serviços ambientais no Mosaico de Unidades de Conservação do Apuí".

A iniciativa recebe o apoio do WWF-Brasil e visa a desenvolver mecanismos financeiros de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), tendo o ecoturismo como um dos principais meios de atrair investimentos para as nove áreas protegidas que compõem o mosaico, localizado no sul do Amazonas.

Em linhas gerais, PSA é um instrumento que remunera ou recompensa quem protege a natureza. O PSA parte do princípio que a natureza trabalha silenciosamente, prestando serviços essenciais à vida em nosso planeta como a produção de oxigênio, o seqüestro do carbono e a manutenção da biodiversidade e das belezas cênicas.

São serviços que, após vários séculos de uso exagerado dos recursos naturais disponíveis, passam a ser notados, já que o amortecimento na capacidade da natureza em proporcioná-los começa a trazer efeitos que nos atingem diretamente. Em conseqüência, nota-se também uma gradual mudança na visão que tratava a preservação das florestas como prejuízo econômico que passa, então, a ser considerada uma fonte de lucros.

Segundo Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil, devido a suas características, o ecoturismo tem ganhado destaque entre as possibilidades para desenvolver atrativos que resultem em investimentos financeiros para as áreas protegidas, entre elas a região do Mosaico de Unidades de Conservação do Apuí, por meio de PSA.

"Quando praticado de maneira ecologicamente correta e subsidiado por um estudo prévio adequado, o ecoturismo se torna uma atividade de baixo impacto ambiental que contribui com a manutenção de espécies e habitat naturais. Além disso, também promove a valorização da cultura, envolvendo a comunidade local e garantindo que esta também seja contemplada pelos benefícios gerados com o seu exercício", completou.

Um dado recente confirma o potencial mercadológico ambiental do segmento. O Instituto Copérnico da Universidade de Utrecht, na Holanda, realizou, sob encomenda da Rede WWF, um estudo intitulado "Mantendo a floresta amazônica em pé: uma questão de valores" (Keeping the Amazon forests standing: a matter of values).

O estudo, lançado semana passada, visa a demonstrar os valores dos serviços fornecidos pelo meio ambiente natural da Amazônia e estabelece que a recreação e o ecoturismo podem render, em média, entre R$ 7,8 e R$ 15,8 por hectare de floresta em pé no ano.

Além do Ecoturismo, outra possibilidade para buscar investimentos, a ser adotada pelo Ceclima e parceiros na região do mosaico, é a implantação de um projeto de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD na sigla em Inglês). Esta tem se mostrado uma das principais ferramentas de mitigação das emissões de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, de conservação ambiental das florestas tropicais no mundo.


Expedição analisa potencial
Realizada entre os dias 17 e 24 de fevereiro, com o objetivo de analisar a viabilidade para a implantação de empreendimentos ecoturísticos ao longo do Rio Aripuanã, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Aripuanã e em seu entorno, a Expedição Rio Aripuanã foi um importante passo na execução do trabalho que vai desenvolver projetos e programas de conservação das florestas do Amazonas por meio do desenvolvimento de mecanismos econômicos de PSA.

A iniciativa contou com o apoio do WWF-Brasil e foi realizada a partir de uma parceria entre o Centro Estadual de Mudanças Climáticas (Ceclima) e o Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc), ambos vinculados à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS).

Para a secretária de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), Nádia Ferreira a expedição realizou um trabalho de embasamento científico, que será divulgado após ajustamento de dados, para identificar atrativos que garantam a viabilidade de empreendimentos ecoturísticos. "Mais que identificar a vocação natural do Amazonas para o ecoturismo, a expedição fez um estudo da relação de potencial empreendedor e também do retorno para a população local da reserva com projetos de geração de renda, gerando oportunidades de capacitação e trabalho no ramo turístico.

Segundo Rodrigo Freire, coordenador de Florestas e Serviços Ambientais do Ceclima e do Projeto de PSA no Mosaico de Unidades de Conservação do Apuí, a expedição já possibilitou um estudo preliminar para gerar dados que ajudarão a subsidiar a criação de estratégias baseadas em ecoturismo.

"Queremos garantir que as benfeitorias socioeconômicas e ambientais esperadas nesse tipo de atividade sejam, de fato, geradas de maneira que elas sejam compostas por uma estrutura sólida, acessível e permanente no local em que serão aplicadas", afirmou Rodrigo que também coordenou a expedição.

Podem-se listar alguns potenciais na Bacia do Aripuanã, entre eles, a Cachoeira do Samaúma, que se destaca por sua reconhecida beleza cênica. O local pode ser palco para atividades de turístico relacionado à canoagem ou rafting.

Outro atrativo estaria na Rodovia Transamazônica (BR 230), que fica a, aproximadamente, 150 km de distância da área estudada, paralela ao limite Norte do Mosaico. Dada as condições precárias da estrada e a carga histórica que carrega, a Transamazônica mexe com o imaginário dos turistas que buscam roteiros mais desafiadores e emocionantes, compostos também por uma programação turística que envolva educação ambiental e contemplação das belezas naturais da região.

Uma nova expedição para a região pode ocorrer após o mês de junho, quando o nível das águas começam a baixar, mudando o cenário das margens e corredeiras dos rios. Expedições e visitas a outras áreas do mosaico também estão previstas.

As informações levantadas por esta expedição serão apresentadas durante o Workshop de Pagamentos por Serviços Ambientais no Mosaico do Apuí, que ocorrerá em meados de abril, ainda esse ano. O evento tem como objetivo definir as ações prioritárias para a implementação do projeto.
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