Vale: a complexa trilha da sustentabilidade

Envolverde - www.envolverde.com.br - 14/09/2010
Presente em 34 países, representada em todos os continentes e com lucros que atingem sempre a casa dos bilhões. Com um olhar superficial pode-se chegar à conclusão de que a Vale é uma empresa sem grandes obstáculos a superar. Porém, esta não é a realidade. Como muitas das grandes empresas do mundo, a mineradora busca agora vencer um novo desafio, o da sustentabilidade. Estabelecer um relacionamento justo com o meio ambiente e as comunidades são os alicerces da construção deste objetivo, e investimento em infraestrutura, capacitação profissional e geração de renda são as ferramentas escolhidas.

Suas operações no Brasil estão centralizadas principalmente nos estados de Minas Gerais e Pará, de onde extrai anualmente quase 300 milhões de toneladas de minério de ferro, sua principal fonte de receita. Atualmente as minas localizadas no estado mineiro produzem o dobro das paraenses, mas é no estado do norte que a empresa aposta suas fichas para o futuro.

Pensando no crescimento de suas operações no Pará, a empresa direciona grande parte de seus investimentos sociais para esta região. "Antes de nos instalarmos em uma localidade, fazemos um mapeamento das carências e necessidades da área, e, em parceria com as prefeituras, investimos em infraestrutura. Avaliamos desde saneamento básico até educação e moradias.

"Evitar os impactos da explosão demográfica é um compromisso da Vale", explicou Silvio Vaz, diretor-presidente da Fundação Vale, braço institucional da empresa. Além de investimentos de base, pensando em qualificação profissional e qualidade de vida, a Fundação criou as Estações do Conhecimento. O projeto pretende implantar sedes em 18 cidades em todo o país.

As duas primeiras já estão em funcionamento, uma na cidade de Parauapebas e outra em Tucumã, ambas no estado do Pará.
Cada uma delas disponibiliza cursos profissionalizantes como construção civil, hotelaria e serviços, manipulação de alimentos, entre outros. Com quatro meses de duração, o curso dá ao aluno um certificado emitido pela Fundação, porém não reconhecido pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura).

Na Estação de Tucumã, além da profissionalização, os jovens na faixa etária entre 6 e 18 anos podem participar do projeto "O Brasil Vale ouro", que pretende preparar atletas para esportes de alto rendimento. Os interessados passam por uma triagem, e somente aqueles que apresentam potencial elevado são selecionados. Estes jovens podem treinar até completar 18 anos. Após a maioridade, os que tiverem o rendimento esperado, são encaminhados para um centro de excelência no Rio de Janeiro, e os demais, para um dos cursos profissionalizantes. "Nosso objetivo é ter pelo menos um atleta nas Olimpíadas de 2016", declarou Silvio.

Já na Estação do Conhecimento de Parauapebas, localizada na Área de Proteção Ambiental do Igarapé Gelado, além da educação profissionalizante e do esporte, os moradores podem contar com uma escola, onde serão atendidos cerca de 200 alunos do 1 ao 9 ano do Ensino Fundamental. Além disso, por estar em um local predominantemente rural, a Estação possui projetos voltados para o homem do campo. Existem 85 famílias de agricultores posseiros vivendo na região. Dentre elas, 53 estão incluídas no projeto de suporte às atividades rurais.

Objetivando o aumento da renda destes produtores são oferecidos cursos voltados para a produção e o empreendedorismo. Os jovens aprendem formas de manejo da pecuária leiteira, avicultura e produção de frutas e hortaliças. Como incentivo, foram doadas a cada família sete cabeças de gado para pecuária leiteira. A infraestrutura necessária para a criação é custeada pela Vale. A produção do leite será absorvida pela Prefeitura Municipal e pela própria Vale, que atualmente supre sua demanda com importação.

A Vale é uma empresa que investe maciçamente em projetos sociais e ambientais. Estes são apenas alguns exemplos. É inegável também a satisfação da população, em especial da região de Carajás, com os benefícios e o desenvolvimento trazidos pela empresa. Porém, estes são apenas alguns passos de uma longa caminhada. A sustentabilidade requer a integração do social e ambiental de maneira economicamente viável. Não é um objetivo impossível, mas com certeza é um processo longo e demorado.

Falta ainda para a empresa uma visão conjunta destes aspectos e maior consciência de sua responsabilidade sobre a mensagem que deve passar a estas comunidades. Uma mineradora retira do meio ambiente sua riqueza, e, principalmente por isto, precisa valorizá-lo e mantê-lo sempre em local de destaque. Atitudes arriscadas, como o fomento à pecuária em meio a uma área de preservação, podem trazer consequências. Sem ofuscar o brilho das iniciativas, podemos dizer que as boas intenções são claras, porém, talvez em alguns casos, mal direcionadas.


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