Criada a Unidade de Conservação Flona Negreiros na bacia do São Francisco

Ministério do Meio Ambiente - 23/10/2007
A região do sub-médio São Francisco acaba de receber a primeira Unidade de Conservação criada pelo Ministério do Meio Ambiente, no âmbito do Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Trata-se da Flona Negreiros, localizada em Serrita (PE), área com 3 mil hectares, destinada à conservação da biodiversidade, ao fomento do desenvolvimento sustentável da Caatinga e à capacitação de produtores rurais.

"A Flona servirá de Centro de Capacitação para que os proprietários utilizem técnicas de manejo florestal de forma a atender às demandas do pólo gesseiro sem causar impactos ao meio ambiente", explica o técnico do Departamento de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente, João Carlos Costa Oliveira.

A área possui 46% de cobertura florestal e 54% de agricultura e pasto e se constituirá como Centro de Referência para difundir boas práticas ambientais, como as desenvolvidas pela Rede de Manejo Florestal Sustentável, criada pelo Ministério do Meio Ambiente, formada por universidades, institutos de pesquisa e órgãos governamentais da região, cuja principal função é estudar a utilização da Caatinga sem ocasionar a sua degradação.

Dentre estas iniciativas, constata-se técnicas que permitem a utilização da vegetação e, em seguida, a sua regeneração natural. Uma delas, é o manejo de cepa, que consiste em dividir a área em lotes e utilizar um de cada vez, permitindo que o mesmo se restitua ao longo de 15 anos. Outras técnicas empregadas são a do manejo seletivo, onde se preserva espécies como as árvores forrageiras, as frutíferas e as plantas medicinais, e da talhadia simples, que consiste em cortar a vegetação deixando pequenos tocos.

Para o engenheiro florestal do Ibama, Francisco Barreto Campelo, cerca de 90% dos tocos são regenerados por meio do emprego desta última técnica, contribuindo, ainda, para a conservação da biodiversidade florestal.

"Para se garantir o uso dos recursos naturais de forma sustentável, é fundamental que os produtores rurais adquiram em suas práticas ações que conservem o solo, não provoquem queimadas sob nenhuma hipótese e permitam a rebrota da vegetação", explica Campelo.

Indústria do gesso:

A região do Araripe, sub-bacia do Brígida, há 40 anos vem se efetivando como o maior pólo gesseiro da América Latina. Para isso, o Governo de Estado vem investindo, principalmente no aperfeiçoamento tecnológico, resultando em preocupação para os ambientalistas, uma vez que toda atividade desorganizada ou sem planejamento, configura-se como um perigo para o equilíbrio ambiental.

Para se ter uma idéia dos danos causados pela indústria gesseira na região, dos 2 milhões de lenha que são derrubados por ano, 1,5 milhão destina-se à atividade. Outra parcela é consumida pela produção de farinha e queijo. A criação animal também é determinante no impacto ambiental. Prevê-se que cada cabeça de gado ou caprino deva abranger uma área de 10 hectares, caso contrário, tem-se problemas de compactação do solo, determinados pela sua erosão e, consequentemente, pela sua desertificação.

Importantes projetos vem se consolidando em Pernambuco visando a conservação da Caatinga como o Projeto Conservação e Uso Sustentável da Caatinga, da Secretaria de Biodiversidade e Florestas, através do Departamento Florestal; o Mata Nativa, do Ibama em parceria com a Secretaria de Recursos Hídricos, através do Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco; e o Centro Nacional de Manejo Florestal (Cemaflor) também do Ibama.

"O Ministério do Meio Ambiente e o Ibama vem buscando em parceria com o Sebrae, qualificar a indústria do gesso, para ter uma melhor eficiência ambiental, dentro dos mecanismos de desenvolvimento limpo, visando a redução das emissões de gases e uma empresa mais adequada do ponto de vista ambiental", conclui Campelo.
UC:Floresta

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