Dois técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), órgão executivo da Secretaria Estadual do Ambiente (SEA) participaram da expedição de três dias que percorreu toda a extensão do Rio São João para identificar e propor soluções para os problemas ambientais existentes. Os resultados da expedição, realizada em julho, estão sendo avaliados e reunidos para futura publicação e para subsidiar os estudos a serem realizados pelo Fundo de Gestão e Pesquisa na Bacia do São João, que está em fase de estruturação.
Com 120 quilômetros de extensão, o Rio São João forma uma bacia com cerca de 2,2 mil quilômetros quadrados. A nascente está situada no município de Cachoeiras de Macacu e a foz em Barra de São João. Apesar de sua importância para o abastecimento de água e para os ecossistemas da região, o rio sofre com o desmatamento das matas ciliares, erosão, assoreamento e a pesca e caça ilegais.
Todos estes problemas puderam ser constatados de perto pela engenheira Cáren Cristine Pereira, do Serviço de Hidrologia da Diretoria de Licenciamento Ambiental, e pelo assessor José Edson Falcão, da Diretoria de Gestão de Águas e do Território do Inea, que fizeram parte da equipe de 50 especialistas que percorreu o São João. A engenheira, que participou pela primeira vez de uma expedição do gênero, destacou a importância de ver de perto a degradação causada pela ação humana no rio, cujos trechos mais preservados situam-se perto da nascente e no trecho dentro dos limites da Reserva Biológica de Poço das Antas.
- No último trecho da viagem, nós pudemos acompanhar a apreensão, pelo ICMBio, de material utilizado para a caça e pesca ilegais no rio, como canoas e redes de pesca. Foi um exemplo do grande número de problemas verificados ao longo de quase toda a extensão do rio - contou Cáren.
O Rio São João foi retificado em alguns trechos na década de 70 para que a região pudesse ser aproveitada para a agricultura e para a drenagem mais rápida de áreas alagadas que serviam de criadouro de mosquitos transmissores de doenças. Com a retificação houve alterações significativas no regime hidráulico do rio, diminuindo a velocidade nos braços dos trechos naturais e aumentando o tempo de permanência das águas nos mesmos. Atualmente está sendo estudada pelo Inea a possibilidade de renaturalização do Rio São João para a volta ao curso original.
Os pesquisadores fizeram o trajeto em pequenas embarcações. No primeiro dia foi constatada boa qualidade da água e da vegetação relativamente preservada. Os problemas começaram a ficar mais evidentes ao longo do segundo dia da expedição: destruição da mata ciliar, assoreamento do Reservatório de Juturnaíba, desmatamento para formação de pastos e antigos areais abandonados. No terceiro dia os pesquisadores, além destes problemas, também verificaram a crescente ocupação das margens e a presença de caçadores e pescadores ilegais.
Na avaliação da expedição, os pesquisadores concluíram que, entre as principais medidas a serem propostas para a recuperação ambiental do rio estão o reflorestamento, principalmente da faixa marginal de proteção; o monitoramento ambiental; fiscalização; programas para o melhoramento das práticas pecuárias; o pagamento por serviços ambientais; realização de estudos com simulação hidrossedimentológica; e a discussão sobre a renaturalização do rio. Os resultados serão reunidos em um estudo e também está prevista a realização de um documentário. O material também servirá para subsidiar os projetos e estudos para a melhoria da gestão da bacia do São João.
A expedição foi organizada pelo Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ) e o Instituto Chico Mendes (ICMBio), contando com o apoio da SEA/Inea, Comitê de Bacia Lagos São João, WWF Brasil, Governo estadual, Secretaria do Ambiente, Associação Mico-Leão Dourado, Valor Natural, UFRJ, UFF, SOS mata Atlântica, Fiocruz, Conservação Internacional Brasil, Canoar, Funasa, Critical Ecosystem, Conservation Foundation e Prefeituras Municipais de Rio Bonito, Silva Jardim, Casimiro de Abreu e Cabo Frio.
http://www.inea.rj.gov.br/noticias/noticia_dinamica1.asp?id_noticia=996
Recursos Hídricos:Poluição
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