Criadas áreas de proteção ambiental na região de grandes portos em Rio e SP

O Globo, Economia, p. 21 - 13/10/2011
Criadas áreas de proteção ambiental na região de grandes portos em Rio e SP
Logística implantada para atender ao pré-sal preocupa autoridades

Henrique Gomes Batista
henrique.batista@oglobo.com.br

Os planos de expansão de portos como o de Angra dos Reis, Paraty, São Sebastião (SP) e até o da baía de Sepetiba poderão ser revistos. Os estados do Rio e São Paulo estão criando Áreas de Proteção Ambiental (APAs) marítimas, para proteger os ecossistemas dessas localidades, rotas principais da exploração do petróleo. Segundo especialistas, a exploração do pré-sal pode gerar, por ano, um movimento de sete mil atracações nos portos brasileiros, ou o equivalente ao movimento do Porto de Santos -- o maior terminal brasileiro. Para evitar o impacto ambiental de toda essa logística, podem ser criadas até restrições nestes portos, os mais próximos dos principais poços do pré-sal.
O governo do Estado do Rio está criando uma APA na região da Ilha Grande, que pode afetar a movimentação de navios na região e até na baía de Sepetiba, pois a APA poderá afetar as rotas dos portos de Itaguaí. O secretário estadual de Meio Ambiente, Carlos Minc, explica como isso pode alterar a navegação:
- Não dá para ter turista no Saco do Céu, na Ilha Grande, mergulhando junto com um petroleiro. Vamos ter que ordenar isso. Talvez mudar a rota, o local onde as embarcações ficam estacionadas esperando o porto pode ser mais perto do estaleiro Verome, por exemplo. Podemos proibir o uso de âncoras e a troca de água de lastro na baía.
APA em SP não incluiu Porto de Santos
No litoral paulista, são três APAs que cobrem praticamente todo o litoral. Entretanto, na hora de criar estas áreas, o governo de São Paulo retirou da proteção os acessos aos portos de Santos e São Sebastião. Eliane Simões, da coordenação do Núcleo de Áreas Marinhas da Fundação Florestal de SP, o crescimento do fluxo de navios por conta do pré-sal foi considerado:
A nova APA da baía da Ilha Grande - que também vai restringir a pesca e a exploração turística da Ilha Grande - ainda será debatida em audiências públicas, mas há quem defenda uma drástica reordenação econômica de Angra dos Reis. Israel Klabin, presidente do conselho curador da Fundação para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), quer a limitação do número de navios na região:
- A APA pode afetar inclusive a baía de Sepetiba, que é muito próxima do ecossistema da nova área de proteção. Não dá para permitir que o crescimento econômico destrua o meio ambiente.
Jorge Irineu da Costa, secretário de Atividades Econômicas da prefeitura de Angra dos Reis, informou que a APA ainda será debatida com a sociedade e que a iniciativa deverá preservar o meio ambiente e o crescimento da cidade:
O especialista Paulo Fleury, diretor do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) afirma que será possível equilibrar a movimentação dos portos com as APAs. Ele acredita que haverá mais problemas para os portos de Angra dos Reis e o Superporto do Sudeste, em Itaguaí:
- A baía de Sepetiba e a Costa Verde são áreas muito nobres para o turismo e têm um meio ambiente sensível, mas é possível ordenar e fiscalizar as atividades econômicas na região -- disse.
A Petrobras informou, por e-mail, que sempre leva em conta as unidades de proteção integral e as APAs em seus estudos e operações regulares. A MMX, braço da EBX que está construindo o Superporto do Sudeste, informou que o terminal não será afetado pela APA da baía da Ilha Grande por estar localizado em Itaguaí. A Technip, que administra o porto de Angra dos Reis e a Secretaria Especial de Portos não se pronunciaram.

O Globo, 13/10/2011, Economia, p. 21
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