Invasões representam mais uma ameaça à integridade do Parque Estadual do Rio Doce, maior reserva de Mata Atlântica em Minas

Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente - http://www.amda.org.br/ - 02/10/2015
O Parque Estadual do Rio Doce (Perd), com 36.800 hectares, maior reserva contínua de Mata Atlântica do Estado de Minas Gerais, está mais uma vez ameaçado. No dia 18 de setembro, a Amda recebeu denúncia de invasão por moradores da região do Vale do Aço em Áreas de Preservação Permanente (APPs) localizadas na margem direita do rio Doce, no município de Caratinga, nas proximidades da confluência dos rios Doce e Piracicaba, que se encontram inseridas na zona de amortecimento do parque e na Área de Proteção Ambiental (APA) Lagoas de Caratinga.

Um denunciante, que não quis ser identificado, disse à entidade que os invasores são pessoas de classe média e seu objetivo é construir estruturas para pesca e caça dentro do parque.

Após fiscalização realizada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), por meio da Subsecretaria de Controle e Fiscalização Ambiental Integrada em conjunto com a Polícia Militar de Minas Gerais, em razão de denúncia da entidade, o subsecretário Marcelo da Fonseca informou que foram identificados 33 invasores, que ocupavam área praticamente contígua de cerca de 40 hectares, localizada dentro de propriedade particular na Zona de Amortecimento do parque. A área pertence à Cenibra e abriga Mata Atlântica em avançado estágio de regeneração que foi recuperada pela empresa.

Os barracos que estão sendo erguidos pelos invasores foram embargados pela Semad e os invasores qualificados, autuados e multados pela Polícia Militar de Meio Ambiente. De acordo com o secretário, a demolição, se não for feita pelos responsáveis, será realizada após tramitação do auto de infração. A Cenibra aguarda concessão de liminar para imissão de posse que permitirá a retirada dos invasores.

O Parque do Rio Doce, como outros em Minas, representa o pouco que sobrou de ambientes naturais no Vale do Rio Doce, após a derrubada implacável da Mata Atlântica para fabricação de carvão que alimentou siderúrgicas no Estado na primeira metade do século passado, café e pastagens. A pecuária, desenvolvida à base de fogo e super pastoreio, aliados à topografia montanhosa da região, transformou extensas áreas em desertos.

O diagnóstico realizado pelo Comitê de Bacia do rio Doce aponta que os processos erosivos instalados pelo uso predatório do solo são a principal causa do entupimento da calha do rio, cuja profundidade média hoje é de apenas 90 cm.

A superintendente executiva da Amda, Dalce Ricas, elogia a rápida atuação da Semad e da Polícia Militar no episódio, e diz que o fato é grave e representa a situação constante de ameaça por que passam as unidades de conservação de proteção integral no Estado.



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