Amazonas cerca 1 Bélgica para conter desmatamento

FSP, Ciência, p. A20 - 17/12/2004
Estado estabelece 9 áreas protegidas em uma área de 3,1 milhões de ha.
O governo do Amazonas cria hoje um conjunto de unidades de conservação no sudeste do Estado de 3,1 milhões de hectares. Composto de nove reservas contínuas, o chamado mosaico do Apuí é a segunda maior área contínua protegida do país, perdendo apenas para o Parque Nacional Montanhas de Tumucumaque, no Amapá (3,9 milhão de hectares).
O mosaico, do tamanho da Bélgica, está entre os municípios de Apuí e Manicoré, na divisa com Mato Grosso e Pará. "É uma das zonas mais estratégicas do ponto de vista da fronteira agrícola", afirmou o secretário de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, Virgílio Viana.
A idéia do governo foi estabelecer proteção oficial para conter o avanço da grilagem e do desmatamento no local, rico em madeira e minérios e que já sofre pressão potencial humana (estradas clandestinas e queimadas) em 30% da sua extensão, segundo um estudo do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) que serviu como base para a criação do mosaico.
A região do Apuí, que também sedia o maior assentamento para reforma agrária do país, já era considerada para a criação de um parque nacional desde o governo FHC. "Mas vimos que a situação lá era muito mais complexa", diz Viana. Segundo o secretário, cerca de mil famílias habitam o local, e a criação de uma unidade de proteção integral traria "problemas de governança".
O Estado, então, resolveu adotar o que Viana chama de "maneira mais refinada" de estabelecer áreas de proteção: juntar, num território contínuo, reservas integrais (os parques de Sucunduri e Guariba, que somam 1,127 milhão de hectares), uma reserva extrativista a ser explorada pela população ribeirinha (a do Guariba, com 180 mil ha), duas reservas de desenvolvimento sustentável (Bararati e Aripuanã, que somam 413 mil ha) e quatro Florestas Estaduais (Apuí, Sucunduri, Manicoré e Aripuanã, que somam 1,345 milhão de ha). Nas Florestas Estaduais será permitida a exploração de baixo impacto de madeira e também de minérios.
Segundo a ONG Conservação Internacional, que ajudou a financiar a implementação do mosaico juntamente com o WWF, o governo federal e a Fundação Moore, estima-se que haja pelo menos 500 espécies de ave e 14 de primata na área a ser protegida.
Um estudo do Imazon divulgado pela Folha em novembro indica que 48% das áreas prioritárias para a conservação mas sem proteção oficial já sofrem ocupação.
(-Folha de S. Paulo-São Paulo-SP-17/12/04)
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